Economia de Portugal em 2025

 



A economia portuguesa em 2025 apresenta um panorama de crescimento moderado

A economia portuguesa em 2025 apresenta um panorama de crescimento moderado, inflação controlada e um mercado de trabalho resiliente, embora persista a incerteza face aos desafios internos e externos. As previsões apontam para uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ligeiramente acima de 2%, com a inflação a manter-se em níveis controlados, perto da meta do Banco Central Europeu. No entanto, a economia enfrenta a potencial desaceleração do crescimento nos próximos anos e a persistência de riscos globais que poderão influenciar a sua trajetória.

Desempenho Macroeconómico em 2025

Crescimento do PIB: Análise das previsões e dados recentes

As projeções para o crescimento do PIB de Portugal em 2025 indicam uma expectativa de expansão económica na ordem dos 2%. O Banco de Portugal, no seu Boletim Económico de março de 2025, previu um crescimento de 2,3%. Esta estimativa representa uma revisão em alta face às projeções anteriores, refletindo um maior otimismo quanto à dinâmica da economia portuguesa. De forma semelhante, a CaixaBank Research antecipa um crescimento do PIB de 2,4% para Portugal em 2025, salientando o impacto positivo do forte crescimento registado no último trimestre de 2024, que deverá impulsionar a economia no ano corrente.   

No entanto, os dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o primeiro trimestre de 2025 revelam um cenário mais matizado. Embora tenha sido observada uma expansão de 1,6% na comparação homóloga, o PIB registou um recuo de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Este desempenho sugere uma possível perda de ritmo no crescimento económico no início do ano, após o dinamismo observado no final de 2024.   

Outras instituições também apresentaram as suas previsões para o crescimento da economia portuguesa. O Conselho das Finanças Públicas (CFP) apontou para um crescimento do PIB de 2,2% em 2025. Adicionalmente, a Comissão Europeia atualizou a sua análise sobre Portugal para este ano, incluindo previsões para o PIB, embora os detalhes específicos não estejam imediatamente disponíveis.   

Em suma, as projeções para o crescimento do PIB em 2025 apontam para uma taxa entre 2,2% e 2,4%, indicando uma expectativa de crescimento económico moderado. No entanto, a divergência entre as projeções anuais e os dados do primeiro trimestre sugere uma potencial incerteza no ritmo de crescimento ao longo do ano. O efeito de arrasto positivo de 2024 parece ser um fator importante a sustentar a economia em 2025, mesmo com um início de ano mais lento.

Taxa de Inflação: Tendências atuais e projeções para o ano

A inflação em Portugal tem demonstrado uma tendência de desaceleração em 2025, embora com alguma volatilidade. Em março de 2025, a taxa de inflação anual (Índice de Preços no Consumidor - IPC) desacelerou para 1,9%, o valor mais baixo em sete meses, ficando pela primeira vez desde agosto de 2024 abaixo da meta de 2% estabelecida pelo Banco Central Europeu. Esta queda da inflação pode ser atribuída a diversos fatores, como a normalização dos preços da energia e uma possível moderação da procura.   

A inflação subjacente, que exclui os componentes mais voláteis como a energia e os alimentos não processados, situou-se em 2,4% em fevereiro, uma ligeira diminuição face aos 2,7% registados em janeiro. Este indicador sugere que as pressões inflacionistas de base estão também a abrandar.   

No entanto, uma estimativa rápida para o mês de abril de 2025 indica que a taxa de inflação anual poderá ter subido ligeiramente para 2,1%. Este aumento sugere que as pressões inflacionistas poderão persistir ou que poderão ter ocorrido efeitos de base que influenciaram a taxa de inflação nesse mês.   

O Banco de Portugal, nas suas projeções macroeconómicas, prevê que a inflação se reduza para 2,3% em 2025. Esta previsão sugere que, apesar da volatilidade observada, se espera que a inflação permaneça relativamente controlada ao longo do ano. A breve queda da inflação abaixo da meta do BCE em março pode indicar um sucesso temporário nas políticas de controlo da inflação, mas a subsequente subida em abril realça a dificuldade em manter a inflação consistentemente abaixo de 2%.   

Taxa de Desemprego: Níveis atuais e evolução esperada

O mercado de trabalho em Portugal tem demonstrado resiliência em 2025, com a taxa de desemprego a manter-se relativamente estável. Em março de 2025, a taxa de desemprego estabilizou nos 6,5%. Os dados do primeiro trimestre de 2025 indicam que a taxa de desemprego se situou em 6,6%. Em fevereiro de 2025, a taxa de desemprego foi estimada em 6,5%, um valor ligeiramente superior ao registado em janeiro.   

Um desenvolvimento positivo no mercado de trabalho foi a queda da taxa de desemprego juvenil, que desceu para 20,7% em março. Esta diminuição do desemprego entre os jovens pode ser um reflexo de políticas específicas de apoio ao emprego jovem ou de uma melhoria geral das condições económicas para esta faixa etária.   

O Banco de Portugal, nas suas projeções, antecipa que a taxa de desemprego se mantenha nos 6,4% durante o período de 2025 a 2027. Esta previsão sugere uma continuidade da estabilidade no mercado de trabalho português. A ligeira subida da taxa de desemprego no primeiro trimestre em comparação com as estimativas mensais posteriores pode refletir flutuações sazonais ou um mercado de trabalho ainda a ajustar-se às condições económicas do início do ano.   

Balança Comercial: Desempenho das exportações e importações

A balança comercial de Portugal em 2025 tem apresentado dinâmicas interessantes no que diz respeito ao desempenho das exportações e importações. Em março de 2025, os dados indicam que as exportações registaram um aumento modesto de 0,5%, enquanto as importações tiveram um crescimento mais expressivo de 8,4%. Esta diferença no ritmo de crescimento pode sugerir um aumento da procura interna, impulsionado pelo consumo ou investimento, ou, por outro lado, pode indicar desafios na competitividade dos produtos portugueses nos mercados internacionais.   

É relevante notar que as exportações de bens e serviços representam uma parte significativa da economia portuguesa, correspondendo a cerca de 40% do PIB. As importações também têm um peso semelhante na economia. Esta elevada proporção do comércio internacional no PIB sublinha a abertura da economia portuguesa e a sua integração nas cadeias de valor globais. A discrepância entre o crescimento das exportações e importações pode sinalizar uma mudança nas dinâmicas da procura interna e externa, potencialmente influenciada por fatores como a inflação ou a confiança do consumidor. Um aumento mais rápido das importações do que das exportações pode levar a um défice comercial, o que pode ter implicações para a balança de pagamentos e o crescimento do PIB. É importante analisar os tipos de bens e serviços que estão a ser importados e exportados para compreender melhor as dinâmicas da balança comercial.   

Análise Setorial da Economia Portuguesa

Turismo: Contributo para o PIB, tendências de crescimento e desafios

O setor do turismo continua a desempenhar um papel crucial na economia portuguesa em 2025, mantendo a sua trajetória de crescimento e contribuindo significativamente para o PIB. As perspetivas para o setor em 2025 são positivas, antecipando-se que continue a ser um destino turístico de referência. O setor hoteleiro, em particular, deverá manter um desempenho robusto, seguindo a tendência de crescimento substancial registada em 2024. Em 2024, as receitas por quarto na hotelaria aumentaram para uma média de 95 euros a nível nacional, o que demonstra a vitalidade e a atratividade do setor. A previsão de continuidade do crescimento do turismo sugere que este setor continua a beneficiar da recuperação pós-pandemia e da sua competitividade a nível internacional.   

Indústria: Desempenho da produção industrial e principais subsetores

O setor industrial português parece enfrentar um período de desafios em 2025. Os dados recentes do Índice de Produção Industrial (IPI) indicam uma diminuição homóloga de 5,5% em março de 2025. Esta tendência de queda já se tinha manifestado em fevereiro, com uma redução de 3,1% na produção industrial. Existe mesmo o risco de Portugal registar o segundo ano consecutivo de quebra na produção industrial em 2025. Em contraste, em 2021, o setor industrial tinha apresentado um aumento de 12,1% em termos nominais, recuperando os níveis de 2019. A potencial quebra da produção industrial pelo segundo ano consecutivo levanta sérias preocupações sobre a competitividade e a resiliência do setor industrial português a médio prazo. A diminuição da produção industrial pode ser influenciada por fatores como a desaceleração da economia europeia , a concorrência internacional e os custos de produção.   

Agricultura: Impacto no PIB, produção agrícola e desafios do setor

O setor agrícola português apresentou um desempenho económico favorável em 2024, superando a média da última década. O rendimento da atividade agrícola nesse ano deverá registar um aumento significativo de 14,7%. Adicionalmente, Portugal tem vindo a apostar na agricultura biológica, o que contribuiu para a sua subida para o 15º lugar no Índice de Transição Verde. No entanto, o setor ainda enfrenta desafios em termos de sustentabilidade, sendo que os transportes e a agricultura são apontados como áreas que travam o desempenho climático global do país. O contraste entre o bom desempenho económico da agricultura em 2024 e os desafios ambientais identificados sugere uma tensão entre as metas de crescimento económico e sustentabilidade no setor.   

Setor de Serviços: Importância para a economia e principais atividades

O setor de serviços desempenha um papel fundamental na economia portuguesa, representando uma parte considerável do PIB através das exportações. As exportações de bens e serviços, no seu conjunto, correspondem a cerca de 40% do PIB. Em 2025, Portugal apresenta um Índice de Restritividade no Comércio em Serviços (STRI) de 0,15, um valor inferior à média dos países da OCDE (0,19). Este indicador sugere que o setor de serviços português é relativamente liberalizado, o que facilita o comércio internacional neste domínio. Os subsetores de serviços com menos restrições identificados são a entrega expressa, o transporte ferroviário de mercadorias e a radiodifusão. Por outro lado, os setores mais restritivos são os seguros, os serviços de engenharia e o transporte aéreo. O baixo STRI de Portugal sugere uma vantagem competitiva no comércio de serviços em comparação com outros países da OCDE, o que pode impulsionar o crescimento das exportações neste setor.   

Tendências e Perspetivas Económicas

Fatores de Crescimento: Investimento, consumo, exportações

O crescimento económico de Portugal em 2025 deverá ser sustentado por diversos fatores. Espera-se que a melhoria das condições financeiras, nomeadamente um potencial alívio nas taxas de juro, e a aceleração da procura externa contribuam positivamente para a expansão da economia. Adicionalmente, a execução mais concentrada dos fundos europeus, incluindo os do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no decorrer do próximo ano, deverá ser um motor significativo de crescimento em 2025 e 2026. Antecipa-se também um regresso a um modelo de crescimento económico mais dependente do investimento e das exportações, em detrimento de um foco excessivo no consumo interno. A mudança para um crescimento mais dependente do investimento e das exportações sugere uma tentativa de afastar a economia de um modelo excessivamente dependente do consumo interno.   

Desafios e Riscos: Inflação, dívida pública, contexto internacional

Apesar das perspetivas de crescimento para 2025, a economia portuguesa enfrenta desafios e riscos importantes. O Banco de Portugal prevê uma desaceleração do crescimento económico para 2,1% em 2026 e 1,7% em 2027. Esta desaceleração a partir de 2027 é atribuída, em grande parte, ao fim do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, também salientou esta desaceleração relacionada com a conclusão do PRR e com a evolução do investimento público.   

O contexto internacional representa igualmente uma fonte de incerteza. Mário Centeno enfatizou as incertezas tanto na dimensão interna como externa, mencionando especificamente a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos da América como um fator de risco para a economia global e, consequentemente, para a portuguesa.   

A dívida pública portuguesa continua a ser uma preocupação, embora se preveja que continue a diminuir, aproximando-se dos 90% do PIB em 2025. O fim do PRR pode levar a uma redução do investimento público, o que pode afetar o crescimento económico. As incertezas globais, como as tensões geopolíticas e as políticas comerciais protecionistas, representam riscos para a economia portuguesa, que é aberta e dependente do comércio internacional. A elevada dívida pública limita a capacidade do governo para responder a choques económicos. A dependência do crescimento futuro da execução dos fundos europeus torna a eficiência e a rapidez na utilização destes fundos um fator crítico para a sustentabilidade do crescimento económico.   

Oportunidades de Desenvolvimento: Setores emergentes, inovação

Apesar dos desafios, a economia portuguesa apresenta oportunidades significativas de desenvolvimento. O ano de 2025 poderá ser um período particularmente interessante para a economia do país. O sucesso da indústria farmacêutica em Portugal tem sido apontado como uma tendência promissora. A transição digital representa outra área com um potencial considerável de crescimento e modernização da economia. Adicionalmente, a sustentabilidade e a eficiência energética são fatores cada vez mais importantes e deverão influenciar positivamente o futuro do mercado imobiliário e outros setores. A menção da indústria farmacêutica e da transição digital como áreas de sucesso sugere uma possível mudança estrutural na economia portuguesa, com um maior foco em setores de maior valor acrescentado.   

Políticas Económicas e Regulamentações Relevantes

Medidas de Apoio ao Crescimento

O governo português implementou e planeia continuar a implementar uma série de políticas económicas em 2025 com o objetivo de apoiar o crescimento e melhorar as condições de vida dos cidadãos. Estas medidas incluem um aumento significativo do salário mínimo nacional para 870 euros, com a meta de alcançar os 1020 euros até 2028. Este aumento será acompanhado por uma isenção do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) para este nível salarial.   

Os escalões de IRS serão atualizados em 4,6%, permitindo isenções para rendimentos anuais até 8.057 euros. O programa IRS Jovem será prolongado até aos 35 anos de idade, oferecendo uma isenção fiscal progressiva durante um período máximo de 10 anos. Será introduzido um 15º mês de salário isento de impostos, financiado pelas empresas, com o objetivo de aumentar o rendimento disponível das famílias. O subsídio de alimentação pago através de cartão ou vales terá uma isenção fiscal até 10,20 euros. Os prémios de produtividade beneficiarão de uma isenção parcial de IRS até 6% do salário base anual, juntamente com uma isenção da Taxa Social Única (TSU), desde que as empresas garantam um aumento salarial mínimo de 4,7% no ano anterior. A taxa de retenção na fonte para trabalhadores independentes com recibos verdes será reduzida de 25% para 23%. As pensões serão aumentadas em 1,25% e o complemento solidário para idosos terá um aumento de 30 euros. A combinação de medidas de apoio ao rendimento e incentivos fiscais sugere uma abordagem multifacetada do governo para estimular a economia em 2025.   

Políticas de Estabilidade Macroeconómica

O governo português demonstra um compromisso com a manutenção da estabilidade macroeconómica. Os planos indicam a intenção de manter um controlo rigoroso sobre as finanças públicas, com uma previsão de superávite orçamental para 2025. Adicionalmente, espera-se que a dívida pública continue a diminuir ao longo do ano. O foco na estabilidade orçamental e na redução da dívida demonstra um compromisso do governo em manter a credibilidade económica de Portugal a nível internacional.   

Impacto de Fundos Europeus

Os fundos europeus, nomeadamente através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), desempenham um papel crucial no apoio ao crescimento económico e ao investimento em Portugal. A execução mais concentrada destes fundos em 2025 e 2026 é perspetivada como um motor significativo de crescimento. Os apoios financeiros para as empresas no âmbito dos Fundos Europeus serão essenciais para estimular o investimento na criação, modernização e expansão de atividades económicas. A dependência do crescimento económico da eficiente utilização dos fundos europeus sublinha a importância de uma gestão eficaz e transparente destes recursos.   

Conclusão: Perspetivas para a Economia Portuguesa em 2025

Em 2025, a economia portuguesa navega por um cenário de crescimento moderado, sustentado por um setor de turismo resiliente e pela expectativa de um aumento do investimento impulsionado por fundos europeus. A inflação permanece em níveis controlados, embora com alguma volatilidade, e o mercado de trabalho demonstra estabilidade. No entanto, o setor industrial enfrenta desafios, e persistem incertezas no contexto económico global, nomeadamente no que respeita às tensões geopolíticas e às políticas comerciais internacionais.

As políticas económicas implementadas pelo governo em 2025 visam estimular o rendimento disponível das famílias, apoiar o emprego jovem e incentivar a produtividade, ao mesmo tempo que se mantém um foco na estabilidade orçamental e na redução da dívida pública. A eficiente utilização dos fundos europeus será determinante para impulsionar o crescimento a médio prazo e para financiar investimentos estratégicos em áreas como a transição digital e a sustentabilidade.

Em suma, a economia portuguesa em 2025 apresenta um quadro de resiliência face aos desafios, com perspetivas de crescimento moderado. No entanto, a sustentabilidade deste crescimento a longo prazo dependerá da capacidade do país em aproveitar as oportunidades em setores emergentes, em promover a inovação e em gerir eficazmente os riscos económicos globais.

Tabela 1: Previsões Macroeconómicas para Portugal em 2025

Instituição

Previsão de Crescimento do PIB para 2025 (%)

Previsão da Taxa de Inflação para 2025 (%)

Previsão da Taxa de Desemprego para 2025 (%)

Banco de Portugal

2.3

2.3

6.4

CaixaBank Research

2.4

2.2

6.4

INE (1º Trimestre, var. anual)

1.6

1.85 (Março)

6.6

Conselho das Finanças Públicas

2.2

N/A

N/A

Comissão Europeia

N/A

N/A

N/A

 

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