«Ronaldo chegou ao Sporting como um ovni»: o dia em que CR7 convenceu Aurélio Pereira






Senhor Formação partiu hoje, aos 77 anos de idade, e para trás deixa incrível levado na prospeção de talento

Morreu, esta terça-feira, aos 77 anos, Aurélio Pereira, o Senhor Formação do Sporting, tantos foram os grandes talentos que descobriu em tenra idade. Antigo jogador dos leões, onde fez a formação mas não chegou a sénior, Aurélio Pereira tornou-se treinador no Fófó, já depois de uma carreira de sucesso na área comercial.

Ajudou o irmão nas horas vagas no Futebol Benfica e mais tarde voltou ao Sporting, tendo aí criado, no final da década de 80, e liderado o Departamento de Recrutamento e Formação. Muito à frente no tempo, Aurélio Pereira desenhou uma rede de olheiros que permitiu ao Sporting, durante largos anos, dominar o scouting em Portugal e descobrir talentos como Paulo Futre, Simão Sabrosa, Dani, Nani, Luís Figo... e Cristiano Ronaldo.

Figura incontornável na história do clube de Alvalade, Aurélio Pereira deixa um enorme legado e, hoje, lembramos-lhe como Cristiano Ronaldo, hoje um dos maiores futebolistas de todos os tempos, foi parar a Alcochete pela mão do Senhor Formação. A história está descrita no livro 'Ver para Crer', de Rui Miguel Tovar, onde, em páginas recheadas de peripécias, se encontra a que trouxe um menino madeirense até Lisboa... para fazer história.

Tudo começou com uma dívida de 4500 contos do Nacional ao Sporting (com o Odivelas 'ao barulho'), por direitos de formação de um jovem jogador chamado Franco. O ano era 1997 quando o telefone de Aurélio Pereira tocou. Era Marques Freitas, presidente do núcleo do Sporting da Madeira e antigo dirigente dos alvinegros, a dar conta do grande talento que estava ali à mão de semear. Aurélio Pereira meteu-se no avião e in loco viu um treino de captações de Ronaldo.

«Confirmei tudo o que me tinham dito: desenvoltura fantástica, velocidade de execução, jogo aéreo, pé direito, pé esquerdo. Tive a sensação de que estavam todos rendidos ao miúdo, que chegou ao Sporting como um ovni. Era um fenómeno», lembrou Aurélio Pereira sobre a viagem de Ronaldo para Lisboa com apenas 12 anos, quando o habitual era os jovens talentos começarem a ser integrados em Alcochete com 14 ou 15. «Chamava-se Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro e tinha, todo ele, o futebol de rua nos seus movimentos. O à-vontade e o não ter medo de nada, características imprescindíveis para ir longe, muito longe», disse sobre CR7.

Até os seniores o iam ver...

A troca de papelada entre Nacional e Sporting começou a 3 de junho desse ano, a tempo da temporada 1997/98, tendo a dívida dos madeirenses aos leões sido convertida no pagamento de 25 mil contos por parte do Sporting para ter o jovem Ronaldo, que viria para a capital sozinho, desamparado, longe dos pais.




O surreal talento de Cristiano Ronaldo era tal que, segundo o antigo dirigente, quando ele se punha a dar toques debaixo de uma das bancadas da antiga Nave de Alvalade, os jogadores da equipa sénior embasbacavam-se a vê-lo. «Era tão bom», dizia Aurélio. Dos escalões de formação dos verdes e brancos à equipa principal passaram cinco anos, até, a 14 de agosto de 2002, se estrear frente ao Inter, na primeira mão do apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões.

Um ano mais tarde apareceu o Manchester United no jogo de apresentação do novo estádio de Alvalade - John O'Shea certamente se lembrará dele durante toda a vida -, Sir Alex Ferguson, o lendário treinador dos red devils, ficou perdido de amores e o resto, entre Man. UnitedReal MadridJuventusAl Nassr e Seleção Nacional... foi o que sabemos.

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